quinta-feira, abril 2

A idade não é limite ou... Manoel Oliveira

Antes de começar a estudar português nunca pude imaginar que existiam filmes e directores de cinema portugueses tão bons... Mas agora já sei. No fim-de-semana passado depois de ter visto mais uma vez um filme português, decidi colocar no meu blog uma reportagem dedicada aos directores portugueses. E com quem mais podia começar senão com Manoel Oliveira...



Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu em 11 de Dezembro de 1908 em Cedofeita, no Porto. Actualmente é o director de cinema activo mais velho no mundo.

Quando terminou a escola na Galiza, Espanha, a sua meta principal era ser actor. Quando tinha 20 anos, matriculou-se na escola de representação Lupo de Rino, director de cinema italiano. Entretanto mudou de ideias quando viu o documentário de Ruttmann de Walther, «A sinfonia da uma Cidade». Isto incentivou-o a fazer o seu primeiro filme em 1931, também um documentário, intitulado «Douro, Faina Fluvial».

A sua primeira longa-metragem apareceu muito mais tarde, em 1942: «Aniki-Bóbó», um retrato de crianças de rua do Porto. Quando se estreou, foi um fracasso comercial e só depois de algum tempo foi reconhecido como um grande trabalho. Esta situação forçou-o a abandonar outros projectos de filmes onde estava envolvido e dedicar-se ao negócio de família que era a produção de vinho. Voltou à realização em 1956 com o filme «O Artista e a Cidade», um trabalho que constitui um momento decisivo do cinema do Oliveira, relativamente à concepção.

Em 1963, «O Acto de Primavera», um documentário sobre a celebração popular da Paixão de Cristo, marcou também a sua carreira. Desde 1990, faz pelo menos uma película por ano, sendo a maioria documentários.

Mantém uma vida tranquila longe dos holofotes, apesar das honras já recebidas em diversos festivais de cinema nomeadamente o de Cannes, de Veneza e de Montereal. Foram-lhe atribuídos dois Leões Dourados em 1985 e 2004 e uma Palma D’Ouro em 2008, pela carreira desenvolvida até então.


Oliveira diz que dirige filmes por puro prazer de os fazer, sem ter em conta qualquer reacção crítica que possa existir.




A sua filmografia:

  • Douro, Faina Fluvial, 1931
  • Estátuas de Lisboa, 1932
  • Os Últimos Temporais: Cheias do Tejo, 1937
  • Miramar, Praia das Rosas, 1938
  • Já se fabricam automóveis em Portugal, 1938
  • Famalicão, 1941
  • Aniki-Bóbó, 1942
  • O Pintor e a Cidade, 1956
  • O Coração, 1958
  • O Pão, 1959
  • Acto de Primavera, 1963
  • A Caça, 1963
  • Villa Verdinho: Uma Aldeia Transmontana, 1964
  • As Pinturas do Meu Irmão Júlio, 1965
  • O Passado e o Presente, 1971
  • Benilde ou a Virgem Mãe, 1974
  • Amor de Perdição, 1978
  • Francisca, 1981
  • Visita ou Memórias e Confissões, 1982
  • Lisboa Cultural, 1983
  • Nice... À Propos de Jean Vigo, 1983
  • Le Soulier de Satin, 1985
  • Mon Cas, 1987
  • A Propósito da Bandeira Nacional, 1987
  • Os Canibais, 1988
  • Non, ou A Vã Glória de Mandar, 1990
  • A Divina Comédia, 1991
  • O Dia do Desespero, 1992
  • Vale Abraão, 1993
  • A Caixa, 1994
  • O Convento, 1995
  • Party, 1996
  • Viagem ao Princípio do Mundo, 1997
  • Inquietude, 1998
  • La Lettre, 1999
  • Palavra e Utopia, 2000
  • Je Rentre à la Maison, 2001
  • Porto da Minha Infância, 2001
  • O Princípio da Incerteza, 2002
  • Momento, 2002
  • Um Filme Falado, 2003
  • O Quinto Império: Ontem Como Hoje, 2004
  • Espelho Mágico, 2005
  • Do Visível ao Invisível, 2005
  • Belle Toujours, 2006
  • O Improvável não é Impossível, 2006
  • Cristóvão Colombo - O Enigma, 2007
  • O Vitral e a Santa Morta, 2008
  • Romance de Vila do Conde, 2008
  • Singularidades de uma Rapariga Loira, 2009
  • O Estranho Caso de Angélica,2009 (en pre-producção)

Mais sobre Manoel de Oliveira e os seus filmes no Harvard Film Archive: http://hcl.harvard.edu/hfa/films/2008marchapril/oliveira.html