sexta-feira, novembro 27

O fotografo mais - Maurício Abreu



Quando há muitos anos eu comecei a admirar fotografia, um fotógrafo bem conhecido no mundo da fotografia, numa conferência, disse que os melhores fotógrafos são aqueles que estudam primeiro tecnologia e electrónica e só depois se tornam fotógrafos.

É o caso de Maurício Abreu que foi eleito QEP (Qualified European Photographer) pela “European National Professional Photographers Associations (FEP)” na Bélgica. Dai a minha escolha. Aqui vos apresento mais um fotografo português

Maurício Abreu nasceu em Coimbra em 1954, estando radicado em Setúbal desde 1964.
Concluiu a licenciatura em engenharia electrotécnica no IST em 1978. A partir de 1983, dedicou-se exclusivamente à fotografia, tendo desenvolvido diversos trabalhos como fotógrafo, produtor e editor, nas áreas do património natural e cultural, da etnografia e da arquitectura tradicional.
É autor e editor de uma colecção de livros fotográficos sobre várias regiões de Portugal, tem diversos livros publicados principais editoras portuguesas. Em 1997 foi-lhe atribuída a Medalha de Honra de Cultura da Cidade de Setúbal.

Maurício Abreu e as suas fotografias têm um carácter muito próprio e com um significado muito especial que cada de nós podemos aceitar ou declinar. Eu aceitei...

Mais sobre o autor e a sua obra: www.mauricioabreu.com e na página web da Associação de fotógrafos profissionais: www.afpportugal.com

quinta-feira, julho 2

A Primavera de Poesia 2009

Já há muito tempo que não escrevia aqui... sabem porquê? Porque andei ocupada e sempre a correr..

Finalmente aqui estou e escreverei sobre poetas. Não pensem que é por obrigação ou algo parecido mas tenho uma razão que me dá muito prazer: foi a possibilidade de ter conhecido um poeta muito conhecido e famoso em Portugal, Gastao Cruz, e também aproximar-me mais da poesia portuguesa onde sempre encontro algo mais, algo que preciso neste momento exacto...

O Festival de Poesia da Primavera em Vilnius, na Lituânia, começou com poetas lituanos e alguns estrangeiros: a Jelena Isajeve da Rússia, o Christoph Janacs, Áustria, o Jurki Kiiskinen, Finlândia, a Zeynep Koylu, Turquia, o Juris Kronbergs, Letónia – Suécia, a Aksinia Mihailova, Bulgária,... e de repente, com a poema que agora não encontro em português... Vídeo:

Virš saulėlydžio pritvinksta debesis

savižudžių krauju Bejėgiškai

suglemba bekraujės arterijos

Gležnos užnuodytoo kūno ertmės

Dar plūsta krauju užpildydamos debesį

Lyja

ant gyvo pasaulio arterijų

Nesuskaičiuojami miestai artėja

trasi plaštakės

Į nežinomą šviesą

Gastão Santana Franco da Cruz nasceu em Faro a 20 de Julho de 1941 é um poeta, crítico literário e encenador português. Licenciou-se em Filologia Germânica na Universidade de Lisboa. Foi professor do ensino secundário e, entre 1980 e 1986, exerceu as funções de Leitor de Português na Universidade de Londres (King’s College), onde além de Língua Portuguesa, leccionou cadeiras de Poesia, Drama e Literatura Portuguesa.

Como poeta, o seu nome aparece inicialmente ligado à publicação colectiva Poesia 61 que fui uma das principais contribuições para a renovação da linguagem poética portuguesa na década de 60.

Como crítico literário, coordenou a revista Outubro e colaborou em vários jornais e revistas ao longo dos anos sessenta - Seara Nova, O Tempo e o Modo ou Os Cadernos do Meio-Dia. Essa colaboração foi reunida em volume, com o título A Poesia Portuguesa Hoje em 1973.

Ligado à actividade teatral, Gastão Cruz foi um dos fundadores do Grupo de Teatro de Letras em 1965 e do Grupo de Teatro Hoje (1976-1977).

O percurso literário de Gastão Cruz inclui a tradução de nomes como William Blake, Jean Cocteau, Jude Stéfan e Shakespeare.

A sua obra Rua de Portugal recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 2004.

Com muita pena, tudo se acaba... Transe:

Num tempo neutro acordo

entre a noite e o dia

sob um céu ilegítimo condensa-se

a mudança

nuvens totais exprimem

a presente longínqua

madrugada

as aves sobrevivem na queda

ao tempo branco

Acordo sob um céu sob um tecto

dum quarto

É uma imagem pobre uma velha

metáfora No exterior porém

das paredes toalhas além

dos vidros turvos de nuvens

apagadas

agride-me a imagem invisível

opaca

da madrugada externa

que

no dia se espalha

como uma norma espessa

uma neutra linguagem

O céu é como um poço como um mar

como um lago

comparações banais mas as mais

eficazes onde aves

como peixes

transitam lentamente errando

nas palavras

Procuro adormecer

o silêncio do

dia inutiliza a vida

Provavelmente nada

mudará ou talvez

tudo tenha mudado há muito

ou vá mudando

sob o lago do céu onde os

peixes descrevem

ilegítimos voos como velhas

metáforas

Aš pabundu nenumatytame laike

tarp dienos ir nakties

po kažkokiu netaisyklingu dangum

tvenkiasi kaita

Tobuli debesys išreiškia

tobulą ir dabartinę ryto aušrą

paukščiai krisdami išgyvena

savo laiko prasmę

Aš nubundu po dangum po kambario

lubomis

Žinau kad tai liūdnas paveikslas

senas nuvargintas simbolis Ir vis dėlto

už marškonių pertvarų anapus

išblukusių debesų užtemdytų langų

mane slegia tamsus nematomas

paveikslas

pilkas ryto pakraštys

dienos metu kaskart išplinta

tarsi sutankinta norma

tarsi niekieno kalba

Dangaus šulinys jūra

ar ežeras

tai tik beprasmės metaforos tačiau

įtikina nes jose paukščiai

lyg žuvys

lėtai plavena

tarp žodžių

Aš mėginu užmigti

Dienos tyla nuvertina gyvenimą

ir niekas rodos

nesikeis arba galbūt

seniai jau pasikeitę

ar dar tik keičiasi iš lėto

po dangaus ežeru kur

žuvys tarsi senąsias metaforas

aprašo savo neteisėtus skrydžius

Mais sobre o Gastão Cruz e a sua obra:

http://portugal.poetryinternationalweb.org/piw_cms/cms/cms_module/index.php?obj_id=10418

http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/gastao_cruz/poetas_gastaocruz01.htm

http://poemas-poestas.blogspot.com/search/label/Gast%C3%A3o%20Cruz%20-%20Poemas

http://www.tekstai.lt/index.php/zurnalas-metai/488-2008-nr-02-vasaris/3160-gastao-cruz-poezija.html

sábado, maio 9

Francisca Rigaud – Os olhares preservados


O que é que a Primavera e o Verão nos trazem? O sol? O calor? As flores? Mais viagens do que nunca? Talvez tudo... tudo o que não possamos esquecer mais... Como é que podemos conservá-los na memória? Há una maneira – as fotografias ou os olhares preservados.

Francisca Rigaud nasceu no Porto e actualmente vive em Lisboa. Ela frequentou o Conservatório de Braga onde recebeu educação artística. Ao ir viver para Londres aos 18 anos, começou a desenvolver o interesse pela fotografia. Em 1980 mudou-se para a Holanda onde frequentou vários cursos de fotografia. Durante a sua presença neste país, ela foi premiada 14 vezes em competições, recebendo críticas muito positivas de vários jornais. As suas fotografias foram mostradas em várias exibições colectivas, nomeadamente no Museu Naval Holandês, no Hishwa - Feira Náutica Internacional e na Feira de Fotografia, todos em Amsterdão. Depois de voltar para Portugal, o seu trabalho desenvolveu-se com o apoio de um projecto internacional da UE para empresários femininos.

Francisca participou em várias exibições desde 1999 e foi também muitas vezes premiada em Portugal. Foi selecionada para apresentar o seu trabalho em Knokke-Assalto (Bélgica), durante o Fotofestival International XXII em 1999. Ganhou o 1º Prémio no 11º concurso nacional de Vila Real. Trabalhou com os Correios de Portugal na criação de séries de cartões postais sobre os Açores, sobre o Porto e sobre a Madeira. Criou também para a mesma entidade, uma colecção de postais de Natal.

Em 2002 teve uma exibição permanente no museu de Comunicações em Lisboa, com o título "Mundos". O objetivo principal dessa exibição foi mostrar a diversidade do mundo como um facto mágico. Esta diversidade nunca deve ser vista numa forma negativa pois no fundo, dentro de nós, existe um ser humano que procura felicidade e uma vida melhor.

Durante 2001, paralelamente às viagens efectuadas e à publicação de numerosos artigos, trabalhou num livro sobre a Madeira para a Lucidus Publicações e recebeu um prémio do Centro Português de Fotografia para uma viagem ao Alasca e à Califórnia. Actualmente trabalha num álbum de fotografia sobre as viagens feitas durante 2001, a ser publicado pelas Edições D. Quixote.

O trabalho de Francisca é centrado em fotografia de viagem, em Portugal e no estrangeiro. Desde 1999 visitou o Quénia, o Uganda, a Irlanda, a Áustria, os Açores, a Finlândia, a Madeira, o Porto Santo, a Estónia, a Itália, os Picos da Europa, a Escócia, a Espanha, Angola, o Brasil, as Seychelles, a Arábia Saudita, Marrocos, os EUA, as Caraíbas, o Canadá, a Inglaterra, Moçambique, o Brasil, a Tunísia, o Egipto, a Índia, Malta...

...Tudo isto, preservado nas fotografias, para sempre na memória...

Mais sobre a Francisca e as suas fotografias em http://www.travel-images.com/francisca-rigaud.html

quinta-feira, abril 2

A idade não é limite ou... Manoel Oliveira

Antes de começar a estudar português nunca pude imaginar que existiam filmes e directores de cinema portugueses tão bons... Mas agora já sei. No fim-de-semana passado depois de ter visto mais uma vez um filme português, decidi colocar no meu blog uma reportagem dedicada aos directores portugueses. E com quem mais podia começar senão com Manoel Oliveira...



Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu em 11 de Dezembro de 1908 em Cedofeita, no Porto. Actualmente é o director de cinema activo mais velho no mundo.

Quando terminou a escola na Galiza, Espanha, a sua meta principal era ser actor. Quando tinha 20 anos, matriculou-se na escola de representação Lupo de Rino, director de cinema italiano. Entretanto mudou de ideias quando viu o documentário de Ruttmann de Walther, «A sinfonia da uma Cidade». Isto incentivou-o a fazer o seu primeiro filme em 1931, também um documentário, intitulado «Douro, Faina Fluvial».

A sua primeira longa-metragem apareceu muito mais tarde, em 1942: «Aniki-Bóbó», um retrato de crianças de rua do Porto. Quando se estreou, foi um fracasso comercial e só depois de algum tempo foi reconhecido como um grande trabalho. Esta situação forçou-o a abandonar outros projectos de filmes onde estava envolvido e dedicar-se ao negócio de família que era a produção de vinho. Voltou à realização em 1956 com o filme «O Artista e a Cidade», um trabalho que constitui um momento decisivo do cinema do Oliveira, relativamente à concepção.

Em 1963, «O Acto de Primavera», um documentário sobre a celebração popular da Paixão de Cristo, marcou também a sua carreira. Desde 1990, faz pelo menos uma película por ano, sendo a maioria documentários.

Mantém uma vida tranquila longe dos holofotes, apesar das honras já recebidas em diversos festivais de cinema nomeadamente o de Cannes, de Veneza e de Montereal. Foram-lhe atribuídos dois Leões Dourados em 1985 e 2004 e uma Palma D’Ouro em 2008, pela carreira desenvolvida até então.


Oliveira diz que dirige filmes por puro prazer de os fazer, sem ter em conta qualquer reacção crítica que possa existir.




A sua filmografia:

  • Douro, Faina Fluvial, 1931
  • Estátuas de Lisboa, 1932
  • Os Últimos Temporais: Cheias do Tejo, 1937
  • Miramar, Praia das Rosas, 1938
  • Já se fabricam automóveis em Portugal, 1938
  • Famalicão, 1941
  • Aniki-Bóbó, 1942
  • O Pintor e a Cidade, 1956
  • O Coração, 1958
  • O Pão, 1959
  • Acto de Primavera, 1963
  • A Caça, 1963
  • Villa Verdinho: Uma Aldeia Transmontana, 1964
  • As Pinturas do Meu Irmão Júlio, 1965
  • O Passado e o Presente, 1971
  • Benilde ou a Virgem Mãe, 1974
  • Amor de Perdição, 1978
  • Francisca, 1981
  • Visita ou Memórias e Confissões, 1982
  • Lisboa Cultural, 1983
  • Nice... À Propos de Jean Vigo, 1983
  • Le Soulier de Satin, 1985
  • Mon Cas, 1987
  • A Propósito da Bandeira Nacional, 1987
  • Os Canibais, 1988
  • Non, ou A Vã Glória de Mandar, 1990
  • A Divina Comédia, 1991
  • O Dia do Desespero, 1992
  • Vale Abraão, 1993
  • A Caixa, 1994
  • O Convento, 1995
  • Party, 1996
  • Viagem ao Princípio do Mundo, 1997
  • Inquietude, 1998
  • La Lettre, 1999
  • Palavra e Utopia, 2000
  • Je Rentre à la Maison, 2001
  • Porto da Minha Infância, 2001
  • O Princípio da Incerteza, 2002
  • Momento, 2002
  • Um Filme Falado, 2003
  • O Quinto Império: Ontem Como Hoje, 2004
  • Espelho Mágico, 2005
  • Do Visível ao Invisível, 2005
  • Belle Toujours, 2006
  • O Improvável não é Impossível, 2006
  • Cristóvão Colombo - O Enigma, 2007
  • O Vitral e a Santa Morta, 2008
  • Romance de Vila do Conde, 2008
  • Singularidades de uma Rapariga Loira, 2009
  • O Estranho Caso de Angélica,2009 (en pre-producção)

Mais sobre Manoel de Oliveira e os seus filmes no Harvard Film Archive: http://hcl.harvard.edu/hfa/films/2008marchapril/oliveira.html