quinta-feira, julho 2

A Primavera de Poesia 2009

Já há muito tempo que não escrevia aqui... sabem porquê? Porque andei ocupada e sempre a correr..

Finalmente aqui estou e escreverei sobre poetas. Não pensem que é por obrigação ou algo parecido mas tenho uma razão que me dá muito prazer: foi a possibilidade de ter conhecido um poeta muito conhecido e famoso em Portugal, Gastao Cruz, e também aproximar-me mais da poesia portuguesa onde sempre encontro algo mais, algo que preciso neste momento exacto...

O Festival de Poesia da Primavera em Vilnius, na Lituânia, começou com poetas lituanos e alguns estrangeiros: a Jelena Isajeve da Rússia, o Christoph Janacs, Áustria, o Jurki Kiiskinen, Finlândia, a Zeynep Koylu, Turquia, o Juris Kronbergs, Letónia – Suécia, a Aksinia Mihailova, Bulgária,... e de repente, com a poema que agora não encontro em português... Vídeo:

Virš saulėlydžio pritvinksta debesis

savižudžių krauju Bejėgiškai

suglemba bekraujės arterijos

Gležnos užnuodytoo kūno ertmės

Dar plūsta krauju užpildydamos debesį

Lyja

ant gyvo pasaulio arterijų

Nesuskaičiuojami miestai artėja

trasi plaštakės

Į nežinomą šviesą

Gastão Santana Franco da Cruz nasceu em Faro a 20 de Julho de 1941 é um poeta, crítico literário e encenador português. Licenciou-se em Filologia Germânica na Universidade de Lisboa. Foi professor do ensino secundário e, entre 1980 e 1986, exerceu as funções de Leitor de Português na Universidade de Londres (King’s College), onde além de Língua Portuguesa, leccionou cadeiras de Poesia, Drama e Literatura Portuguesa.

Como poeta, o seu nome aparece inicialmente ligado à publicação colectiva Poesia 61 que fui uma das principais contribuições para a renovação da linguagem poética portuguesa na década de 60.

Como crítico literário, coordenou a revista Outubro e colaborou em vários jornais e revistas ao longo dos anos sessenta - Seara Nova, O Tempo e o Modo ou Os Cadernos do Meio-Dia. Essa colaboração foi reunida em volume, com o título A Poesia Portuguesa Hoje em 1973.

Ligado à actividade teatral, Gastão Cruz foi um dos fundadores do Grupo de Teatro de Letras em 1965 e do Grupo de Teatro Hoje (1976-1977).

O percurso literário de Gastão Cruz inclui a tradução de nomes como William Blake, Jean Cocteau, Jude Stéfan e Shakespeare.

A sua obra Rua de Portugal recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores em 2004.

Com muita pena, tudo se acaba... Transe:

Num tempo neutro acordo

entre a noite e o dia

sob um céu ilegítimo condensa-se

a mudança

nuvens totais exprimem

a presente longínqua

madrugada

as aves sobrevivem na queda

ao tempo branco

Acordo sob um céu sob um tecto

dum quarto

É uma imagem pobre uma velha

metáfora No exterior porém

das paredes toalhas além

dos vidros turvos de nuvens

apagadas

agride-me a imagem invisível

opaca

da madrugada externa

que

no dia se espalha

como uma norma espessa

uma neutra linguagem

O céu é como um poço como um mar

como um lago

comparações banais mas as mais

eficazes onde aves

como peixes

transitam lentamente errando

nas palavras

Procuro adormecer

o silêncio do

dia inutiliza a vida

Provavelmente nada

mudará ou talvez

tudo tenha mudado há muito

ou vá mudando

sob o lago do céu onde os

peixes descrevem

ilegítimos voos como velhas

metáforas

Aš pabundu nenumatytame laike

tarp dienos ir nakties

po kažkokiu netaisyklingu dangum

tvenkiasi kaita

Tobuli debesys išreiškia

tobulą ir dabartinę ryto aušrą

paukščiai krisdami išgyvena

savo laiko prasmę

Aš nubundu po dangum po kambario

lubomis

Žinau kad tai liūdnas paveikslas

senas nuvargintas simbolis Ir vis dėlto

už marškonių pertvarų anapus

išblukusių debesų užtemdytų langų

mane slegia tamsus nematomas

paveikslas

pilkas ryto pakraštys

dienos metu kaskart išplinta

tarsi sutankinta norma

tarsi niekieno kalba

Dangaus šulinys jūra

ar ežeras

tai tik beprasmės metaforos tačiau

įtikina nes jose paukščiai

lyg žuvys

lėtai plavena

tarp žodžių

Aš mėginu užmigti

Dienos tyla nuvertina gyvenimą

ir niekas rodos

nesikeis arba galbūt

seniai jau pasikeitę

ar dar tik keičiasi iš lėto

po dangaus ežeru kur

žuvys tarsi senąsias metaforas

aprašo savo neteisėtus skrydžius

Mais sobre o Gastão Cruz e a sua obra:

http://portugal.poetryinternationalweb.org/piw_cms/cms/cms_module/index.php?obj_id=10418

http://poesiaseprosas.no.sapo.pt/gastao_cruz/poetas_gastaocruz01.htm

http://poemas-poestas.blogspot.com/search/label/Gast%C3%A3o%20Cruz%20-%20Poemas

http://www.tekstai.lt/index.php/zurnalas-metai/488-2008-nr-02-vasaris/3160-gastao-cruz-poezija.html

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